o sol cai na varanda


o sol cai na varanda manhã cedo
numa poalha de luz toda em pontinhos
irisando a folhagem de mil brilhos
tecendo círculos nos olhos cegos

expandem-se os aromas do vinhedo
da resina do tojo e do milho
que se fundem na chuva de vidrilhos
do céu caindo como fogo preso

meu corpo inteiro cede ao tumulto
da cor da luz dos cheiros salientes
bebendo às golfadas o ar quente

como raiz de planta ou talvez bicho
em comunhão fortuita  com o mundo
e sem mais nada querer a não ser isto


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