a gente vai pela rua fora e


a gente vai pela rua fora e

as pedras da calçada e

a erva que cresce entre as pedras e

o risco ondulado de um voo e

um riso que se soltou na esplanada e

a notícia de alguém que morreu e

eu que esperava que viesses e

os dias longos como artérias  e

os tristes de mãos nos bolsos sem saber para onde ir e

o assobio dos comboios que partem e

os navios com gente ociosa e

os barcos de borracha com gente desesperada  e

os naufrágios nas águas frias e

os náufragos embrulhados em plásticos e

os seus olhos de bichos assustados e

os homens bons que os salvam e

a gente nas ruas com as mãos nos bolsos e

os dias a fugir e


Comentários