ficaram muitas coisas

ficaram muitas coisas

ficaram as coisas todas de repente

sem dono no sítio habitual

a gente pega nas coisas com as mãos suadas

- o cheiro das coisas

a textura das coisas

o calor que perdura em cada coisa –

a gente esvazia as gavetas com as mãos suadas

num livro uma data relembra

o cansaço das noites

o selo  dos silêncios

 

no meio das coisas sem préstimo

um guarda-chuva novo

deixado no bengaleiro

 

pois que fique onde está

quando chover

sairemos para a rua

debaixo das suas asas pretas

de pássaro molhado

 


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