tenho um abraço guardado

 

tenho um abraço guardado

para depois da pandemia

não é um abraço qualquer

é um abraço comprido

cheio de meses vazios

tanto cresceu entretanto

que o sinto até às unhas

 dói até no calcanhar

não é um abraço qualquer

é um desejo profundo

de colar o peito ao peito

lançar o braço por cima

da cabeça rente ao ombro

como um gancho apertado

feito de pele e de ossos

não é um abraço qualquer

é  um abraço de fomes

de distâncias e de cercas

de imensa solidão

 

será um abraço novo

mais demorado e fraterno

mais conforme ao coração

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