molho os olhos no rio

 

molho os olhos no rio

quando meus olhos ardidos

me encadeiam o olhar

depois fecho-os lentamente

para que a luz do dia

não os fira com seus raios

os ceguem de fantasias

e noite escura se faça

sem estrelas só de trevas

só das sombras fugidias

de quem anda pelo mundo

com passos de ser sozinho

mais tarde quando os abrir

hei-de pintá-los com a tinta

que escorre das madrugadas

um azul quase a fugir

para o branco iluminado

serão olhos de sentir

serão capazes de ouvir

os mais sentidos lamentos

e se arderem de mais

até ficarem feridos

de excesso de sentimentos

irei molhá-los para sempre

nas  água claras do rio

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