pelos prados da noite

 

pelos  prados da noite

correm  rios de tormenta

e a gente espera o navio que chegava

com sonhos à proa como ícones

 

pelos prados da noite

a gente bebe  o medo e a angústia

quando  apenas se quer

o rumor dos lábios na aproximação das águas

a gente esquece o desagravo   a flor queimada

quando tanto se quer a palavra única

a palavra calcária

pelos prados da noite

as pedras cintilam como  relâmpagos  de vidro

e a gente só quer

o gesto ínfimo das bocas claras

 

pelos prados da noite

sem sono nem companhia

a gente só quer quem disse que vinha

e tanto tarda

 

 

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