às vezes pesam-me tanto os dias

 

às vezes pesam-me tanto os dias

que um muro parece com vidros de garrafas no cimo

contra assaltos olhares indevidos

incursões estranhas aos jardins  privados

e sei que se subir o muro eu vou sangrar

o jardim ali tão limpo a mesa pronta o guarda-sol às cores

a mó da vida girando do lado de lá

em uniforme sem vincos

meu deus clamo meu deus porque e hesito

na verdade  tão diversos são os caminhos

e quem me diz a mim que

 

espero então que aos céus regresse a primitiva estrela

que as abelhas douradas atravessem a noite

e  um aro de fogo me abrace pela cintura

 

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