ninguém que avisasse

 



 

ninguém que avisasse

um dia vão-se  turvar as águas

alguém virá  cortar os ramos da árvore mais alta

 onde poisarão os pássaros depois

 

e a gente pergunta

quem turvou as águas

tão límpidas eram tão mansas

onde irão banhar-se agora as raparigas dos vales

que  enfeitavam os cabelos com bagas de amoras

 

e a gente pergunta

quem não ousou ouvir a canção

que subia no lugar da árvore

quem recusou as palavras devidas

que eram  semente e aconchego

 céu  alvorada e juramento

 

agora  ninguém sabe

se voltarão os dias límpidos

as auroras

 

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