de dia muitas vozes me chamam

 

de dia muitas vozes me chamam

numa teia confusa de trabalhos e canseiras

que fabricam a casa e seus aromas

suas colunas de fumo seus corredores sombrios

 

mas de noite só uma voz me chama

vinda de longe longe lá onde

o frio do inverno faz  frieiras que mordem a carne

e  o verão é árduo com ceifas vindimas poeiras

 

de longe muito longe vem essa voz misturada

com rezas    lengalengas  névoas

 lobos  esfaimados que descem aos quintais

raposas sorrateiras que se passeiam ao luar

e raparigas que entrançam os cabelos com fitas garridas

 

dentro da minha noite essa é a voz

                                              que modela o meu falar à luz do dia

                                               e todos os meus silêncios também 

                                                

 

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