surgem do fundo da tarde

 


 

surgem  do fundo da tarde

sem  ninguém dar por nada

 a mulher vem à frente com o garrafão da água

o gato preto atrás  com os seus grandes olhos pardos

às vezes a mulher pára

e chama  Nino Nino muito baixinho

mas nem era preciso

porque ele segue-a rectilíneo

como se uma corda  irresistível

o puxasse para ela

 

depois sentam-se na erva quente

melancólicos e enigmáticos a olhar

os edifícios  em frente

 levantam-se sem pressa

e o resto da tarde engole-os até à tarde seguinte

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