dissera que ao olhar morto das estátuas

 


 

dissera que ao olhar morto das estátuas

preferia a luz que inflama as ervas e as levanta

que às frias armaduras preferia vestes largas

propícias aos gestos desmedidos  

dissera que gostava de adormecer  à sombra das árvores

porque amaciam os sonhos e impedem a queda nos abismos

que às escadas tortuosas preferia o chão liso e sem esquinas

que gostava das águas moventes dos mares e dos rios

de respirar o grande ar dos montes

 de ouvir os pássaros e de vê-los no chão aos saltos

dissera quase tudo - dos medos também e dos sonhos falidos

mas não se compreendiam

teria sido necessário voltar ao princípio

refazer o caminho para ajustar as falas

cruzar melancolias

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