fazer de cada rosto

 

fazer de cada  rosto um mosaico de silêncios

de cada pátio um relvado sem falhas

trazer a infância num carrinho  de mão

e despejá-la  no leito  branco  das ausências

esperar os barcos que regressam devastados

de  dentro dos temporais

e não temer as canções dos barqueiros bêbados  de  solidão

de cada sonho fazer uma dádiva

e de cada  olhar  um campo sem minas

levar a infância num carrinho de mão

pelos caminhos enxutos

mesmo os  erguidos sobre  pedras soltas

sinuosos como despenhadeiros

sobretudo  viver sem vigilância

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